Quando ele chegou, o estranho rapaz,
Seu olhar  estrangeiro olhou para mim.
Eu nunca tinha ouvido a fala do amor.
O frio,  o calor, eu logo entendi
Quando o rapaz, seu olhar estrangeiro,
Olhou para  mim.
Seu olhar estrangeiro falava uma língua
Que eu logo entendi.
Senti  no meu corpo uma coisa tão louca
Que eu nunca senti.
Ele olhava a minha  boca, ele olhava o meu corpo
Ele olhava em meu seio,
Olhava no meio, bem  dentro de mim.
No princípio, o perigo, depois eu olhava, olhava
Não tinha  receio.
Desejava, queria no precipício
Abrir minhas asas, desvendar o  segredo.
Seu olhar penetrante invadia ofegante
No meio de mim.
Rasgava  o meu ventre, meu corpo inteiro
Me vendo por fora, me vendo por dentro
Do  princípio ao fim.
Depois me olhou, me olhou, me olhou
De baixo pra cima,  em cima e embaixo
Bem dentro de mim
Me queimando, queimando,
O céu no  inferno, o paraíso é assim.
Onde passou tão pouco deixou,
Só um rastro de  fogo queimando em silêncio
No incêndio do amor.
(Roberto Mendes – Capinam)
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