domingo, 23 de novembro de 2008

Say It Isn't So

Say it isn't so,

Say it isn't so,
Everyone is saying
you don't love me,
Say it isn't so.

Everywhere I go,
Everyone I know,

Whispers that you're growing tired of me,
Say it isn't so.
People say that you,

Found somebody new,
And it won't be long
before you leave me,
Say it isn't true,

Say that everything is still okay,
That's all I want to know,

and what they're saying,
SAY IT ISN'T SO.

(Irving Berlin)

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Estrada branca

Estrada branca
Lua branca
Noite alta
Tua falta caminhando
Caminhando, caminhando
Ao lado meu
Uma saudade
Uma vontade
Tão doída
De uma vida
Vida que morreu

Estrada, passarada
Noite clara
Meu caminho é tão sozinho
Tão sozinho
A percorrer
Que mesmo andando
Para a frente
Olhando a lua tristemente
Quanto mais ando
Mais estou perto
De você

Se em vez de noite
Fosse dia
O sol brilhasse
E a poesia
Em vez de triste
Fosse alegre
De partir
Se em vez de eu ver
Só minha sombra
Nessa estrada
Eu visse ao longo
Dessa estrada
Uma outra sombra
A me seguir

Mas a verdade
É que a cidade
Ficou longe, ficou longe
Na cidade
Se deixou meu bem-querer
Eu vou sozinho sem carinho
Vou caminhando meu caminho
Vou caminhando com vontade de morrer

(Tom Jobim e Vinícius de Moraes)

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Impossibilidade sobre mim

Mais do mesmo. Nem é criativo. Nem quero sê-lo. Quero me expressar. Mas penso. E busco. E quero atrelada a cada palavra uma iluminação. No túnel escuro por onde passa aquilo que chamo vida se espremem andam sensações e desejos e nuncas. Há sempre uma impossibilidade sobre mim. Uma rarefeita névoa sobre os meus desejos e sobre os meus movimentos uma densa e glacial neblina. Eu me perco. Labirinto. Eu me perco. Labirito. Eu vou não. Eu despiso. Desando. Desfaleço estátua. Inerte. Mas com coração. E assim a bruma depositada sobre a pele fria se confunde com as àguas quentes tristes do de dentro.

(a.l.k.)

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Ralador

Pra dor de amor, eu não faço sala
Amor me deixa, outro amor me embala
Eu sou um coco que seu ralador não rala
A tristeza quando chega
Se deixar, ela se instala
Se ela vê peito vazio
Quer fazer festa de gala, ê
Mas comigo não tem jeito
Ela nem desfaz a mala
Que um amor quando me deixa, sinhô
Tem outro em ponto de bala
A tristeza a gente sente
Quando o seu chicote estala
Se ela vê sinal de pranto
Lambe o beiço e se regala
Mas meu peito não se curva
À bota, tacão, bengala
Meu amor que é de quilombo (iáiá, kekerê, iê, iê)
Não se prende em dor de senzala

(Roque Ferreira e Paulo César Pinheiro)

Milágrimas

Em caso de dor ponha gelo
Mude o corte de cabelo
Mude como modelo
Vá ao cinema dê um sorriso
Ainda que amarelo, esqueça seu cotovelo
Se amargo foi já ter sido
Troque já esse vestido
Troque o padrão do tecido
Saia do sério deixe os critérios
Siga todos os sentidos
Faça fazer sentido
A cada mil lágrimas sai um milagre

Em caso de tristeza vire a mesa
Coma só a sobremesa coma somente a cereja
Jogue para cima faça cena
Cante as rimas de um poema
Sofra penas viva apenas
Sendo só fissura ou loucura
Quem sabe casando cura
Ninguém sabe o que procura
Faça uma novena reze um terço
Caia fora do contexto invente seu endereço
A cada mil lágrimas sai um milagre

Mas se apesar de banal
Chorar for inevitável
Sinta o gosto do sal do sal do sal
Sinta o gosto do sal
Gota a gota, uma a uma
Duas três dez cem mil lágrimas sinta o milagre
A cada mil lágrimas sai um milagre

(Itamar Asumpção e Alice Ruiz)

Pela janela e o vento

É noite agora.
Noite de verdade.
O céu é opaco e profundamente azul, escuro, quase negro.
Cintilam poucas luzes de dentro dele.
Há bem mais luz ao redor. Mas não em mim.
Há o vento.
Se só ele existisse e mais nada eu seria também feliz.
Quem sabe.
Se ele soprasse em círculos, com rajadas alternadas
de frescor e de escaldante torpor.
De qualquer forma que ele me atingisse, eu iria.
Eu voava.
Voaria com ele para além.
Se eu pulasse ele me ergueria?
Se me jogasse todo em seus braços, o vento seria reconfortante berço?

(a.l.k.)

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Bosque

No topo da árvore
Na copa mais densa
Na folhagem mais verde
Há o repouso mais calmo
Perfumado pelos ventos.
Ora silente,
Ora inundado de delicados sons.
Assustadores sons:
O vento forte.
A ramagem,
Os rugidos.
Os pios estertorosos.
O orvalho por sobre as folhas
É o suor que brota da fronte angustiada.
Do temor da escuridão gotejam
Suores e lágrimas.
E de cima da árvore tudo é abismo.

(a.l.k.)

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