domingo, 30 de dezembro de 2007

Minha Missão

Quando eu canto
É para aliviar meu pranto
E o pranto de quem já
Tanto sofreu
Quando eu canto
Estou sentindo a luz de um santo
Estou ajoelhando
Aos pés de Deus
Canto para anunciar o dia
Canto para amenizar a noite
Canto pra denunciar o açoite
Canto também contra a tirania
Canto porque numa melodia
Acendo no coração do povo
A esperança de um mundo novo
E a luta para se viver em paz!

Do poder da criação
Sou continuação
E quero agradecer
Foi ouvida minha súplica
Mensageiro sou da música
O meu canto é uma missão
Tem força de oração
E eu cumpro o meu dever
Aos que vivem a chorar
Eu vivo pra cantar
E canto pra viver

Quando eu canto, a morte me percorre
E eu solto um canto da garganta
Que a cigarra quando canta morre
E a madeira quando morre, canta!

(João Nogueira e Paulo César Pinheiro)

Canto das Três Raças

Ninguém ouviu um soluçar de dor
No canto do Brasil.
Um lamento triste sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro e de lá cantou.

Negro entoou um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares, onde se refugiou.
Fora a luta dos inconfidentes
Pela quebra das correntes.
Nada adiantou.

E de guerra em paz, de paz em guerra,
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar,
Canta de dor.

E ecoa noite e dia: é ensurdecedor.
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador...
Esse canto que devia ser um canto de alegria
Soa apenas como um soluçar de dor

(Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro)

Clique para ouvir em RealAudio com Clara Nunes



Choro Livre

Quando pra mim o amor acaba em ilusão
Choro de paixão
Mas cada gota d’água
Dessa mágoa que eu chorar
Lava o meu olhar
E cai, cai, cai...

Cai entre as primas e os bordões do meu violão
Vira inspiração
E aos poucos se transforma em mais um choro pra cantar
Choro popular que vai, vai, vai...

Vai pelo vento o coração
No sentimento da canção
Vai como um lamento o meu penar
Como um alento pra quem quer se consolar
Vai pelo ar...

Quando vou ver
Não tenho mais tristeza não
Nem lamentação
Só música bonita
Mas que em vez de me ocultar
Esse mal de amar
Me trai, trai, trai...

Trai como os versos
Que são só desilusão
Tudo escrito a mão
Num bloco que guardei
E pra mim mesmo eu quis jurar
Que ele de lá
Não sai, sai, sai...

Mas nem poesia, nem canção
Se tranca em cofre ou coração
Emoção, ninguém deve guardar
Lá vai meu choro
E chore quem quiser chorar
Vai pelo ar de bar em bar...

(Flávio Henrique e Paulo César Pinheiro)

sábado, 29 de dezembro de 2007

Talismã

Minha boca saliva porque eu tenho fome...
E essa fome é uma gula voraz que me traz cativa
Atrás do genuíno grão da alegria
Que destrói o tédio e restaura o sol
No coração do meu corpo um porta-jóia existe
Dentro dele um talismã sem par...
Que anula o mesquinho, o feio e o triste
Mas que nunca resiste a quem bem o souber burilar
Sim, quem dentre todos vocês
Minha sorte quer comigo gozar?
Minha sede não é qualquer copo d´água que mata...
Essa sede é uma sede que é sede do próprio mar
Essa sede é uma sede que só se desata
Se minha língua passeia sobre a pele bruta da areia
Sonho colher a flor da maré cheia vasta
Eu mergulho e não é ilusão
Não, não é ilusão!
Pois da flor de coral trago no colo a marca
Quando volto triunfante com a fronte
Coroada de sargaço e sal
Sim, quem dentre todos vocês
Minha sorte quer comigo gozar?
Sim, quem dentre todos vocês
Minha sorte quer comigo gozar?

(Waly Salomão / Caetano Veloso)

Mergulho

No exato momento
No exato instante
Em que nós mergulhamos
É preciso entender
Que não estamos somente matando nossa fome na paixão
Pois o suor que escorre não seca, não morre
Não pode e nem deve nunca ser em vão
São memórias de doce e de sal
Nosso bem, nosso mal, gotas de recordação
E é importante que nos conheçamos a fundo
E saibamos quanto nos necessitamos
Pois aqui, eis o fim e o começo
A dor e a alegria, eis a noite, eis o dia
É a primeira vez, é de novo, outra vez
Sem ser novamente
É o passado somado ao presente
Colorindo o futuro que tanto buscamos
Por favor, compreendamos que é o princípio de tudo
Batendo com força em nossos corações
E é importante que nós dois saibamos
Que a vida está mais que nunca em nossas mãos
E, assim, nessa hora devemos despir
O que seja vaidade, o que seja orgulho
E do modo mais franco de ser
Vamos juntos ao nosso mergulho

(Gonzaguinha)

Minha Gente do Morro

Ontem estive no morro
E voltei chorando meu povo sofrendo
Crianças penando...
Morro sem malandro que já tem senhor (Vejam só)

Disseram que compraram o morro
Estão derrubando os barracos de zinco
Estão se acabando
Pra morar no morro tem que ser doutor

Mudaram o meu povo pra longe, bem distante
Aonde Deus não faz morada
Que culpa tenho eu se nasci pobre
Se não posso levar vida de nobre
Meu salário não dá se quer pra alimentar
E as crianças não entendem o porque
Que eu nada mais posso oferecer
E nem eu posso entender

Mais um dia
Hei de ver o meu povo feliz à cantar
Lalalalalalala...bis

(Jaime - Candeia)

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Salve, Clara!!

Na Linha do Mar

Galo cantou!
Galo cantou às quatro
Da manhã
Céu azulou na linha
Do mar
Vou me embora desse
Mundo de ilusão
Quem me vê sorrir,
Não há de me ver

Chorar
Flechas sorrateiras,
Cheias de veneno
Querem atingir o meu
Coração
Mas o meu amor sempre
Tão sereno
Serve de escudo pra
Qualquer ingratidão

Lá laiá laiá laiá laiá laiá
Lá lá lá laiá

(Paulinho da Viola)


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SALVE, CLARA!

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Horas quadradas

Num quadro
Quatro sentidos difusos.
Em cada lado do círculo-coração
Todas as coisas, sem arestas,
tornam-se uma:
Desejo ou cansaço ou dor:
Desejo e cansaço e dor.
Terno, o quadro ofusca o olho:
De mar inunda o olho-círculo.
Mar quente sob o sol:
Mar Morto exala
Na hora exata
Puro sal.

(a.l.k.)

domingo, 23 de dezembro de 2007

Natal e 2008

Repensar
Rememorar
Relembrar
Reatar
Resistir
Redescobrir
e sempre ir
infinitamente
em busca de.

sábado, 22 de dezembro de 2007

O SAMBA DE MARIA


Maria Rita está encontrando o seu lugar. Não que o lugar dela seja definitiva e propriamente o samba; contudo por meio de seu novo cd – “Samba meu” (2007) – e principalmente do show homônimo, a cantora se encaminha para grande personalização e domínio artístico de sua carreira. Desta forma, isenta-se, pouco a pouco, das comparações e influências que vez por outra vinham permeando a sua trajetória.

No palco, a paulistana Maria Rita faz o seu terceiro cd crescer imensamente, como pode ser visto na noite de 14 de dezembro em Porto Alegre. Confessadamente tensa e emocionada por apresentar o show pela primeira vez em teatro (a estréia foi em uma casa de shows do Rio de Janeiro, com uma configuração diferenciada), a cantora ressaltou a sua ligação positiva com Porto Alegre, estabelecida a partir do acolhimento dos gaúchos desde o seu primeiro show. E a resposta do público não foi diferente: “Samba meu” caiu nas graças da platéia; e como um bom espetáculo de samba, com uma intérprete e músicos extremamente competentes, contagiou o público do teatro transformando-o, por vezes, numa casa de samba com ares tipicamente cariocas, remetendo ao aclamado berço do samba que é o Rio de Janeiro.

Maria Rita está em ótima forma, segura, bonita – muito bonita – desenvolta e sem os excessos dramáticos e coreográficos tão recorrentes nas suas apresentações anteriores. O repertório do espetáculo é basicamente do disco novo e abre com os versos
a capella de “Samba meu” (Rodrigo Bittencourt) e inicia a festa com a pérola “O homem falou” (Gonzaguinha), mas não deixa de fora canções marcantes na voz da cantora, como “Cara valente” (Marcelo Camelo), “Encontros e despedidas” (Milton Nascimento e Fernando Brant), “A festa” (Milton Nascimento), “Santa chuva” (Marcelo Camelo) – que mesmo destoante da atmosfera do show, foi um belo momento –, “Muito pouco” (Moska), “Contra outra” (Edu Tedeschi), “Veja bem, meu bem” (Marcelo Camelo). No mais, a festa se deu mesmo pelas canções do cd recém lançado: “Novo amor” (Edu Krieger), “Cria” (Serginho Meriti e Cesar Bieleny), “Maltratar, não é direito” (Arlindo Cruz e Franco), “Num corpo só” (Arlindo Cruz e Picolé), “Tá perdoado” (Franco e Arlindo Cruz), “O que é o amor” (Arlindo Cruz, Maurição e Fred Camacho) – com a deliciosa introdução pelo baixo acústico de Sylvinho Mazzuca – “Maria do socorro” (Edu Krieger), “Corpitcho” (Ronaldo Barcellos e Picolé), “Casa de Noca” (Serginho Meriti, Nei Jota Carlos e Elson do Pagode). Senti falta de “Mente ao meu coração” (F. Malfitano), que tem registro belíssimo no cd, com a participação de Hamilton de Holanda.

Se na primeira parte, o show apresenta uma Maria Rita sensual (com saia esvoaçante de profunda fenda, perna, coxa, barriga à mostra) e flertando com o samba e com a platéia; a segunda parte, mais pagodeira, traz a cantora (num vestido curto, brilhante, colado) ainda mais descontraída, leve, imersa e entregue ao samba. E, ao convite dela, a platéia entra totalmente no clima.

No entanto, Maria Rita não é sambista, e ela bem diz que “não virou sambista”, mas sim está prestando uma homenagem ao samba e reverenciando os compositores do gênero com quem ela tem mantido contato mais estreito recentemente. De certa forma, ultimamente cantar samba virou moda – faço coro com Chico César e digo que é ótima essa moda –, entretanto pode sempre dar margem a aparições oportunistas em detrimento daqueles que são sambistas e fazem samba de verdade. Felizmente, oportunismo não parece o caso de Maria Rita, que propõe uma descontraída homenagem, uma vez que “marketing” ela tem de sobra desde o início de sua carreira.

A linha do samba de Maria Rita é mais voltada ao samba contemporâneo, ao pagode de fundo quintal; diferentemente de outras grandes cantoras como Teresa Cristina – “Delicada” (2007) – que é do samba e faz um samba tradicional, na linha nobre de Paulinho da Viola e demais mestres da Portela; de Roberta Sá – “Que belo estranho dia para se ter alegria” (2007) –, que conscientemente não se revela sambista, mas que tem no seu trabalho de intérprete muitos sambas, mas não somente; de Juliana Amaral – “Juliana samba” (2007) – de voz precisa e límpida, que faz um samba com gosto requintado e tradicional, sem se valer de elementos outros (como tendências “eletrônico-contemporâneas”) para soar moderna; e da maravilhosa Fabiana Cozza – “Quando o céu clarear” (2007) –, cantora de uma energia e talento raros, do samba, para o samba e para qualquer canção, e que reúne elementos da cultura em torno da mais pura raiz do samba, algo – sem comparação, mas apenas como direção – na linha magistral de Clara Nunes.

Pois bem, o samba de Maria Rita reafirma com mais força o seu grande potencial como intérprete, cantora, artista. O cd é delicioso, e o show, imperdível.

Anderson Kovalsky (15/12/2007)



FOTOS: http://picasaweb.google.com/andersonlk/MARIARITA

VÍDEOS: http://www.youtube.com/profile?user=ANDERSONLK


It's Too Late

Stayed in bed all morning just to pass the time
There's something wrong here
There can be no denying
One of us is changing
Or maybe we've just stopped trying

And it's too late baby, now it's too late
Though we really did try to make it
Something inside has died and I can't hide
And I just can't fake it

It used to be so easy living here with you
You were light and breezy
And I knew just what to do
Now you look so unhappy
And I feel like a fool

And it's too late baby, now it's too late
Though we really did try to make it
Something inside has died
and I can't hide it
And I just can't fake it

There'll be good times again for me and you
But we just can't stay together
Don't you feel it too
Still I'm glad for what we had
And how I once loved you

But it's too late baby, now it's too late
Though we really did try to make it
Something inside has died and I can't hide
And I just can't fake it

Don't you know that I...
I just can't fake it
Oh it's too late my baby
Too late my baby
You know
It's too late my baby

(Toni Stern - Carole King)

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Verbos do Amor

E se eu te telefonar
Se mandar te buscar
Der o braço a torcer
Sei que irias ganhar
E eu não iria perder
Da outra vez eu sofri
Te magoei me feri
Foi difícil a prender
Que quando chega a paixão
Justamente a razão
É a primeira a ceder
Mas as palavras vazias
Rolaram na mesa
Pesaram o ar
Eu não sabia pedir
Tu não sabias perdoar
Mulher nascida pra amar
Tenho que obedecer
Ao que destino quis
E satisfeita a dizer
Que sofrer de amor
Só me deixa feliz

(João Donato/ Abel Silva)

Simples Carinho

Amar e sofrer, eu vou te dizer
Mas vou duvidar
Querendo ou não
O meu coração já quer se entregar
Não falta lembrança, aviso, cobrança
Você vai por mim
Mas feito criança
Lá vou na esperança
Eu sou mesmo assim
Quem sabe até meu destino
Amor sem espinhos
Sou mel da sua boca, calor dos abraços
E tantos beijinhos
Se o sonho acabou, não sei meu amor
Nem quero saber
Só sei que ontem à noite
Sorrindo acordada
Sonhei com você
Às vezes até na vida é melhor
Ficar bem sozinho
Pra gente sentir qual é o valor
De um simples carinho
Te sinto no ar, na brisa do mar
Eu quero te ver
Pois ontem à noite
Sonhando acordada
Dormi com você

(João Donato / Abel Silva)

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Vento no canavial

Vento no canavial
Sopra uma saudade assim
Vento que vem me contar
Que você não gosta mais de mim
Vento vem contar mentira
História que ouviu além
Vento que não guarda nunca
O segredo que contou alguém
E por isso vivo cantando
A minha dor a embalar
E se conto o meu segredo
Vento leva a soprar
Quem acreditar no vento
Vê que a vida vai passar
Nuvens que no céu ao vento
Vão passando sem nunca chegar

(João Donato e Lysias Ênio)

Emoriô

ê-emoriô
ê-emoriô
emoripaô

emoriô deve ser
uma palavra nagô
uma palavra de amor
um paladar

emoriô deve ser
alguma coisa de lá
o Sol, a Lua, o céu
pra Oxalá

(música de João Donato; letra de Gilberto Gil)

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Azul




Eu não sei
Se vem de Deus
Do céu ficar azul
Ou virá
Dos olhos teus
Essa cor
Que azuleja o dia...

Se acaso anoitecer
E o céu perder o azul
Entre o mar e o entardecer
Alga marinha, vá na maresia
Buscar ali um cheiro de azul
Essa côr não sai de mim
Bate e finca pé
A sangue de rei...

Até o sol nascer amarelinho
Queimando mansinho
Cedinho, cedinho (cedinho)
Corre e vá dizer
Pro meu benzinho
Um dizer assim
O amor é azulzinho...

Até o sol nascer amarelinho
Queimando mansinho
Cedinho, cedinho cedinho
Corre e vá dizer
Pro meu benzinho
Um dizer assim
O amor é azulzinho...

(Djavan)



sábado, 1 de dezembro de 2007

A classy Lady


BILLIE HOLIDAY

Good morning heartache

Good morning heartache
You old gloomy sight
Good morning heartache
Thought we said goodbye last night
I turned and tossed until it seems you have gone
But here you are with the dawn
Wish I forget you, but youre here to stay
It seems I met you
When my love went away
Now everyday I stop I'm saying to you
Good morning heartache what's new

Stop haunting me now
Can't shake you nohow
Just leave me alone
I've got those monday blues
Straight to sunday blues
Good morning heartache
Here we go again
Good morning heartache
You're the one
Who knows me well
Might as well get use to you hanging around
Good morning heartache
Sit down

(Irene higginbotham / Ervin Drake / Dan Fisher)

My man

It cost me a lot
But there's one thing that I've got
It's my man
It's my man

Cold or wet
Tired, you bet
All of this I'll soon forget
With my man

He's not much on looks
He's no hero out of books
But I love him
Yes, I love him

Two or three girls
Has he
That he likes as well as me
But I love him

I don't know why I should
He isn't true
He beats me, too
What can I do?

Oh, my man, I love him so
He'll never know
All my life is just a spare
But I don't care
When he takes me in his arms
The world is bright
All right

What's the difference if I say
I'll go away
When I know I'll come back
On my knees someday

For whatever my man is
I'm his forevermore

(Channing Pollock/ Maurice Yvain / Albert Willemetz/ Jaques Charles)


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PIAF, BILLIE ... and Bess, I think.

Fine and mellow

My man he don't love me he treats me oh so mean
My man he don't love me he treats me oh so mean
He's the meanest man that I've ever see

My baby wears high peg pants stripes are really yellow
Baby wears high peg pants stripes area really yellow
When he starts into love me he's so fine and mellow

Love will make you drink and gamble make you stay out all night long
Love will make you drink and gamble make you stay out all night long
Love will make you do things that you know is wrong

Do right baby if you stay home every day
I'll do right baby if you stay home every day
You're so mean and evil I know you're gonna drive me away

Why did he leave me why did he have to go
Why did he leave me why did he have to go
Went off and left me baby I loved him so

I'll be a good wife to you if it means anything to you
I'll stay home every night and I'll love you
And kiss you every night and one of these days
If you're good to me honey one of these day
If God is good to me I'll bring you a little burny

Come back to me baby try me one more time
Cos without your loving I swear I'm gonna lose my mind

(Billie Holiday)

Lady sings the blues

Lady sings the blues
She's got them bad
She feels so sad
Wants the world to know
Just what the blues is all about

Lady sings the blues
She tells her side
Nothing to hide
Now the world will now
Just what the blues is all about
The blues aint nothing but a pain in your heart
When you get a bad start
When you and your man have to part
I aint gonna just sit around and cry
And now I wont die
Because I love him

Lady sings the blues
She's got em bad
She feels so sad
The world will know
She's never gonna sing them no more

(Billie holiday - Herbie Nichols)

Delicatessen



quinta-feira, 29 de novembro de 2007

São Mateus

Miro hesitou
Perdeu a fé
E no contrapé
Ganhou a mão
Mas moleque
Miro foi ao chão
Quando reclamou o samburá
Teve samba no seu gurufim
Tamborim serviu de castiçal
Mal de quem tirou a vida assim
De um menino bom, rival
E...
Se compadeceu Geraldo são
Louco
Adão subiu sem compaixão
Mãe do Adão não tem
o que chorar
É o terceiro filho pra rezar
Teve rap no seu funeral
Sopa
Licor de amendoim
Bem de quem não tem o seu rival
Num menino do Jardim Colonial
O Zé da Silva, o Saruê
O Daniel, o filho do Osmar
Alguém no céu
O Gil tá pra rodar
Há muito fel
Há muito fel no ar
O Zé da Silva, o seu Benê
O Gabriel, o Jé da Dinorah
Alguém no céu
O Gil tá pra rodar
Há muito fel
Não dá pra respirar
E essa prosa não pára aqui

(Marcos Paiva - Rodrigo Campos)

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Assentamento

Quando eu morrer, que me enterrem na
beira do chapadão
-- contente com minha terra
cansado de tanta guerra
crescido de coração
Tôo
(apud Guimarães Rosa)


Zanza daqui
Zanza pra acolá
Fim de feira, periferia afora
A cidade não mora mais em mim
Francisco, Serafim
Vamos embora

Ver o capim
Ver o baobá
Vamos ver a campina quando flora
A piracema, rios contravim
Binho, Bel, Bia, Quim
Vamos embora

Quando eu morrer
Cansado de guerra
Morro de bem
Com a minha terra:
Cana, caqui
Inhame, abóbora
Onde só vento se semeava outrora
Amplidão, nação, sertão sem fim
Ó Manuel, Miguilim
Vamos embora

(Chico Buarque)

Say It Isn't So

Say it isn't so. Say it isn't so.
Everyone is saying you don't love me. Say it isn't so.
Everywhere I go, everyone I know, whispered that
You're growing tired of me. Say it isn't so.

People say that you found somebody new
and it won't be long before you leave me.
Say it isn't true.

Say that everything is still okay,
that's all I want to know,
And what they're saying, oh, please,
say it isn't so.

People say that you found somebody new
and it won't be long before you leave me.
Say it isn't true.
Say that everything is still okay,
that's all I want to know,
And what they're saying, please, say it isn't so.

(Irving Berlin)

com BILLIE...

sábado, 17 de novembro de 2007

Vertical

Vertical,
o vento
empurra o corpo
quase morto,
sem calor
mas determinado.
O vento
vertical
sopra da garganta
e com ele aquela
alma
triste
de vida pouca
alça vôo.
Doutro lado,
com força gigantesca
e fria,
o céu desfere sobre
o corpo
o seu arsenal de
gota pesadas.
Por um instante
tudo estanca
E desaparecem
o corpo na água funda
e alma na nuvem etérea.

(a.l.k.)

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

FABIANA COZZA: DEMAIS!!!






Sem palavras, ou tantas que não caberiam aqui... enfim OUÇA FABIANA COZZA.

Tendência

Você entrou na minha vida
Usou e abusou, fez o que quis
E agora se desespera, dizendo que é infeliz
Não foi surpresa pra mim, você começou pelo fim
Não me comove o pranto de quem é ruim, e assim
Quem sabe essa mágoa passando
Você venha se redimir
Dos erros que tanto insistiu por prazer
Pra vingar-se de mim
Diz que é carente de amor
Então você tem que mudar
Se precisar, pode me procurar...

Não... pra que lamentar
O que aconteceu... era de esperar
Se eu lhe dei a mão... foi por me enganar
Foi sem entender, que amor não pode haver
Sem compreensão, a desunião... tende aparecer
E aí está... o que aconteceu
Você destruiu... o que era seu

Você entrou na minha vida
Usou e abusou, fez o que quis
E agora se desespera, dizendo que é infeliz
Não foi surpresa pra mim, você começou pelo fim
Não me comove o pranto de quem é ruim, e assim
Quem sabe essa mágoa passando
Você venha se redimir
Dos erros que tanto insistiu por prazer
Pra vingar-se de mim
Diz que é carente de amor
Então você tem que mudar
Se precisar, pode me procurar... procurar
Se precisar, pode me procurar
Se precisar

(Jorge Aragão)

Nação

Dorival Caymmi falou prá Oxum
Com Silas tô em boa companhia
O céu abraça a terra, deságua o rio na Bahia


Jeje minha sede é dos rios
A minha cor é o arco-íris, minha fome é tanta
Planta flor irmã da bandeira
A minha sina é verde-amarela feito a bananeira
Ouro cobre o espelho esmeralda
No berço esplêndido
A floresta em calda manjedoura d'alma
Labarágua, Sete Queda em chama
Cobra de ferro, Oxum-maré, homem e mulher na cama

Jeje tuas asas de pomba
Presas nas costas com mel e dendê agüentam por um fio

Sofrem o bafio da terra
O bombardeio de Caramuru, a sanha de Anhanguera
Jeje tua boca do lixo, escarra o sangue
De outra hemoptise no canal do mangue
O Uirapuru das cinzas chama
Rebenta a louça Oxum-maré
Dança em teu mar de lama.

(João Bosco, Aldir Blanc e Paulo Emílio)

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Choro de Passarinho

Hoje eu acordei bem cedinho
Já tava preso num chorinho
Falando de amor e passarinho
Flor amorosa e delicada pra você
Tinha bem-te-vi e biquinho
Culeiro solto no telheiro
Um carinhoso bem brejeiro
Nas harmonias que eu fazia pra você
Uma sabiá me viu passar
Assobiando um odeon
Brasileirinha do tempero bom
Um coração de bandolim
Oi quebra-quebra, guariroba, quebra
Oi quero-quero, vamos namorar
Um tico-tico é pouco para o meu fubá

(Renato Piau / Euclides Amaral / Rubens Cardoso)

domingo, 4 de novembro de 2007

Mãe

Palavras, calas, nada fiz
Estou tão infeliz
Falasses, desses, visses, não
Imensa solidão

Eu sou um rei que não tem fim
E brilhas dentro aqui
Guitarras, salas, vento, chão
Que dor no coração

Cidades, mares, povo, rio
Ninguém me tem amor
Cigarras, camas, colos, ninhos
Um pouco de calor

Eu sou um homem tão sozinho
Mas brilhas no que sou
E o meu caminho e o teu caminho
É um nem vais, nem vou

Meninos, ondas, becos, mãe
E, só porque não estás
És para mim e nada mais
Na boca das manhãs

Sou triste, quase um bicho triste
E brilhas mesmo assim
Eu canto, grito, corro, rio
E nunca chego a ti

(Caetano Veloso)

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Cíclico

Será
que morrer
dói
tanto quanto
viver?
Não a morte a forma de, o jeito de.
A coisa.
A vida é uma coisa que dói.
E viver então é por a dor pra girar
cortar
microssangrar
até
o
todo
v
a
z
i
o
.

(a.l.k.)

Soprando

Agora venta. Agora venta e a angústia não é menor nem sinaliza a mínima intenção de se dissipar. Ela é tanta e forte que é gente quase. E densa como a bruma que é prenúncio. O nevoeiro, assim diz-se sempre e é, toca o clarim paro o que há detrás. Soa a trombeta e as gentes ou temem ou arrepiam-se de prazer na imaginação do que estará virá está vem do outro lado do invisível. Eu não olho. Recuso-me e cerro os olhos e distraio os ouvidos, só me permito sentir: na pele e sob ela, na língua e no ar quem vem. Eu imagino. Mas não tenho esperanças.

(a.l.k.)

domingo, 30 de setembro de 2007

Madeleine Peyroux (28/09/2007)

Madeleine Peyroux e sua ótima banda (especialmente o pianista) fizeram do Teatro do Bourbon um jazz club, pelo menos tive essa sensação envolvente e fascinante. No entanto, o repertório não se restringiu ao jazz, indo ao blues, folk e até country. Mesmo sem presença cênica, Madeleine encanta pela sua linda e bem colocada voz, pela sua habilidade como violonista (ela toca violão de aço e também tocou ukele, um primo do cavaquinho - alguém na pláteia, em tom de brincadeira, murmurou que ela iria tocar "Brasileirinho"...). Também foi marcante a sua simpatia para com a plátéia e o entrosamento dela com os músicos, que tiveram bastante espaço para improvisar e que, mais uma vez repito, são ótimos! Dentre tantas "Smile" foi emocionante. E adorei ouvir "J'ai deux amours" no bis. Memorável!















SMILE

Smile,though your heart is aching
Smile,even though its breaking
When there are clouds in the sky, you'll get by
If you smile through your fear and sorrow
Smile and maybe tomorrow
You'll see the sun come shining through for you

Light up your face with gladness
Hide every trace of sadness
Although a tear may be ever so near
That's the time you must keep on trying
Smile, what's the use of crying
You'll find that life is still worthwhile
If you just smile

Light up your face with gladness
Hide every trace of sadness
Although a tear may be ever so near
That's the time you must keep on trying
Smile, what's the use of crying
You'll find that life is still worthwhile
If you just smile

That's the time you must keep on trying
Smile, whats the use of crying
Youll find that life is still worthwhile
If you just smile

(Geoffrey Parsons - Charlie Chaplin)



SORRI

Sorri,
Quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos, vazios
Sorri,
Quanto tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador, sorri

Quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados, doridos
Sorri,
Vai mentindo a tua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz

(versão: Braguinha)





DON’T WAIT TOO LONG





LONESOME ROAD






SMILE





J'AI DEUX AMOURS


Elba Ramalho (27/09/2007)

O show de Elba Ramalho, no Teatro do Bourbon, em Poa, foi ótimo. Sem dúvida, ela tem excelente domínio de palco e vocal também, e está cantando cada vez melhor, fez coisas precisas e difíceis e boas.
Gosto muito mais do timbre dela agora na maturidade, do que no ínicio, extremamente metálico (a"gralha do nordeste"), embora ela torne a voz metálica quando queira, e grave e forte e suave. Muito bom! O repertório, além do set "regional" esperado (e delicioso) trouxe coisas de compositores contemporâneos como o Pedro Luís e o Lula Queiroga, além do Lenine (presente no cd novo "Qual o assunto que mais lhe interessa?").
O show, como o cd novo, tem uma grande gama de ritmos e sonoridades, com metais, percussões, samples, cello com Lui Coimbra (ótimo), acordeom com Toninho Ferraguti (ótimo). Além disso os figurinos eram lindos, três roupas e sapatos "show"; afinal, é uma coisa deveras monótona cantar sempre de "uniforme"...
E além de tudo, e tantas boas canções, foi maravilhoso ouvir e ver Elba cantando "Palavra de mulher". Show é show. E foi.










PALAVRA DE MULHER

Vou voltar
Haja o que houver, eu vou voltar
Já te deixei jurando nunca mais olhar pra trás
Palavra de mulher, eu vou voltar
Posso até
Sair de bar em bar em bar em bar
Falar besteira
E me enganar
Com qualquer um deitar
A noite inteira
Eu vou te amar

Vou chegar
A qualquer hora ao meu lugar
E se uma outra pretendia um dia te roubar
Dispensa essa vadia
Eu vou voltar
Vou subir
A nossa escada, a escada, a escada, a escada
Meu amor, eu vou partir
De novo e sempre, feito viciada
Eu vou voltar

Pode ser
Que a nossa história
Seja mais uma quimera
E pode o nosso teto, a Lapa, o Rio desabar
Pode ser
Que passe o nosso tempo
Como qualquer primavera.
Espera
Me espera
Eu vou voltar

(Chico Buarque)




sábado, 22 de setembro de 2007

Samba das moças

Roberta Sá ("Que belo estranho dia pra se ter alegria") é, sem dúvida, a melhor dos últimos anos. Não só no samba.



Maria Rita ("Samba meu") mostra que, realmente não é só a filha de Elis, é ótima cantora.




Enfim, não paro de ouvir. Samba bom é bom. :-) Mais uma vez Maria Rita e Roberta Sá gravam a mesma música em cds lançados quase ao mesmo tempo, primeiro foi "Casa pré-fabricada", agora "Novo amor", em ambas situações prefiro os registros da Roberta. "Novo amor", por exemplo, perdeu um pouco da melancolia, que deve ter, na gravação da Maria Rita, com o ritmo mais acelarado. A Roberta conserva a delicada tristeza da canção. No mais, deleites. :-)

E ainda, dentre tantas, tem a Verônica Ferriani, que conheci no Som Brasil Ivan, ótima e linda. Aguardo ansioso o seu cd, previsto pra este ano.



www.veronicaferriani.com.br

So in love

Strange dear, but true dear
When I'm close to you, dear
The stars fill the sky
so in love with you am I
Even without you
My arms fold about you
You know darling why
So in love with you am I
In love with the night mysterious
The night when you first were there
In love with my joy delirious
When I knew that you could care
So taunt me, and hurt me
Deceive me, desert me
I'm yours, till I die...
So in love... So in love...
So in love with you, my love... am I...

(Cole Porter)


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Tem mais linda e mais triste???

O sim acenado e o não sem pronúncia

Num lugar sem palavras, o aceno brusco é a única comunicação em busca de um final pleno, porém incompleto onde só reside o desejo. Desejo que nem é, nem está, ou melhor, que está em torno mas não em, não em algo nem nalguém. É assim, como abstrato que é, residisse unicamente naquele mundo das idéias sendo alçado à realidade por instantes e novamente recolocado em seu lugar longe. Idílico talvez. Entretanto, ele abriu um espaço que por ele ou por outro sentimento deveria poderia precisa ser preenchido. Resta o vazio. O vão por onde sopra o vento, escorre a água e as réstias inconstantes de luz invadem por momentos fuzages. É escuro e frio lá. Triste. Deserto.

(a.l.k.)

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

La Vie En Rose

Des yeux qui font baisser les miens
Un rire qui se perd sur sa bouche
Voilà le portrait sans retouche
De l'homme auquel j'appartiens

{Refrain:}
Quand il me prend dans ses bras,
Il me parle tout bas
Je vois la vie en rose,
Il me dit des mots d'amour
Des mots de tous les jours,
Et ça m'fait quelque chose
Il est entré dans mon cœur,
Une part de bonheur
Dont je connais la cause,
C'est lui pour moi,
Moi pour lui dans la vie
Il me l'a dit, l'a juré
Pour la vie
Et dès que je l'aperçois
Alors je sens en moi
Mon cœur qui bat

Des nuits d'amour à plus finir
Un grand bonheur qui prend sa place
Des ennuis, des chagrins s'effacent
Heureux, heureux à en mourir

{au Refrain}

{Nota: variante pour le dernier couplet:}

Des nuits d'amour à en mourir
Un grand bonheur qui prend sa place
Les ennuis, les chagrins s'effacent
Heureux, heureux pour mon plaisir

(Paroles: Edith Piaf. Musique: Louiguy - 1946)








La Môme - La Vie en Rose, de Olivier Dahan (França/Reino Unido/República Checa, 2006)

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Lady Vingança (18/09/2007)






"Desde os créditos iniciais, se firma como o filme mais visualmente rebuscado do diretor (Park Chan-wook). É um deleite só de se observar. A fotografia é deslumbrante e a escolha dos enquadramentos, dos cortes, da direção de arte, tudo é um negócio de outro mundo.
Bernardo Krivochein (Zeta Filmes)"

ISSSO!! :-)

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