quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado



Meia boca...

Saneamento Básico, O Filme




Triiii legal! Bom demais!!! :-))

Fogueira

Por que queimar minha fogueira
e destruir a companheira?
Porque sangrar o meu amor assim?
Não penses ter a vida inteira
para esconder teu coração
Mais breve que o tempo passa
vem num galope meu perdão
Deixa eu cantar
aquela velha história, amor
Deixa eu penar
a liberdade está na dor
Porque temer a tua fêmea
se a possuis como ninguém
A cada bem do mal do amor em mim?
Não penses ter a vida inteira
para roubar meu coração
Pois cada vez é a primeira
do teu também serás ladrão
Deixa eu cantar
aquela velha história, amor
Deixa eu penar
a liberdade está na dor
Eu vivo a vida, a vida inteira
a descobrir o que é o amor
Leve pulsar do sol a me queimar
Não penso ter a vida inteira
para guiar meu coração
Eu sei que a vida é passageira
mas o amor que eu tenho, não!
Quero ofertar
a minha outra face à dor
Deixa eu sonhar
com tua outra face amor.

(Ângela Ro Ro)

Samba e amor

Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã
Escuto a correria da cidade, que arde
E apressa o dia de amanhã

De madrugada a gente ainda se ama
E a fábrica começa a buzinar
O trânsito contorna a nossa cama, reclama
Do nosso eterno espreguiçar

No colo da bem-vinda companheira
No corpo do bendito violão
Eu faço samba e amor a noite inteira
Não tenho a quem prestar satisfação

Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito mais o que fazer
Escuto a correria da cidade, que alarde
Será que é tão difícil amanhecer?

Não sei se preguiçoso ou se covarde
Debaixo do meu corbertor de lã
Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã

(Chico Buarque)
1969

Haicai

No perfume das flores de ameixa,
O sol de súbito surge –
Ah, o caminho da montanha!

Matsuo Bashô

Haiku

Old pond...
a frog leaps in
water's sound.

Matsuo Basho

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Samba de um minuto

Devagar... esquece o tempo lá de fora
Devagar... esqueça a rima que for cara.

Escute o que vou lhe dizer,
Um minuto de sua atenção:
Com minha dor não se brinca, já disse que não
Com minha dor não se brinca, já disse que não.

Devagar
Devagar com o andor
Teu santo é de barro
E a fonte secou.

Já não tens tanta verdades pra dizer
Nem tampouco mais maldades pra fazer
E se a dor é de saudade
E a saudade é de matar
Em meu peito a novidade
Vai enfim me libertar.

Devagaaaaaaaaar...

(Rodrigo Maranhão )


SALVE, ROBERTA SÁ!

sábado, 25 de agosto de 2007

CARTAS A UM JOVEM POETA

"PRIMEIRA CARTA"



" Paris, 17 de Fevereiro de 1903


Prezadíssimo Senhor,

Sua carta alcançou-me apenas há poucos dias. Quero agradecer-lhe a grande e amável confiança. Pouco mais posso fazer. Não posso entrar em considerações acerca da feição de seus versos, pois sou alheio a toda e qualquer intenção crítica. Não há nada menos apropriado para tocar numa obra de arte do que palavras de crítica, que sempre resultam em mal entendidos mais ou menos felizes. As coisas estão longe de ser todas tão tangíveis e dizíveis quanto se nos pretenderia fazer crer; a maior parte dos acontecimentos é inexprimível e ocorre num espaço em que nenhuma palavra nunca pisou. Menos suscetíveis de expressão do que qualquer outra coisa são as obras de arte, - seres misteriosos cuja vida perdura, ao lado da nossa, efêmera.

Depois de feito este reparo, dir-lhe-ei ainda que seus versos não possuem feição própria somente acenos discretos e velados de personalidade. É o que sinto com maior clareza no último poema, "Minha Alma". Aí, algo de peculiar procura expressão e forma. No belo poema "A Leopardi" talvez uma espécie de parentesco com esse grande solitário esteja apontando. No entanto, as poesias nada têm ainda de próprio e de independente, nem mesmo a última, nem mesmo a dirigida a Leopardi. Sua amável carta que as acompanha não deixou de me explicar certa insuficiência que senti ao ler seus versos, sem que a pudesse definir explicitamente. Pergunta se os seus versos são bons. Pergunta-o a mim, depois de o ter perguntado a outras pessoas. Manda-os a periódicos, compara-os com outras poesias e inquieta-se quando suas tentativas são recusadas por um ou outro redator. Pois bem - usando da licença que me deu de aconselhá-lo - peço-lhe que deixe tudo isso. O senhor está olhando para fora, e é justamente o que menos deveria fazer neste momento. Ninguém o pode aconselhar ou ajudar, - ninguém. Não há senão um caminho. Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever? Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranqüila de sua noite:"Sou mesmo forçado a escrever?" Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa, se puder contestar àquela pergunta severa por um forte e simples "sou", então construa a sua vida de acordo com esta necessidade. Sua vida, até em sua hora mais indiferente e anódina, deverá tornar-se o sinal e o testemunho de tal pressão. Aproxime-se então da natureza. Depois procure, como se fosse o primeiro homem, dizer o que vê, vive, ama e perde. Não escreva poesias de amor. Evite de início as formas usuais e demasiado comuns: são essas as mais difíceis, pois precisa-se de uma força grande e amadurecida para se produzir algo de pessoal num domínio em que sobram tradições boas, algumas brilhantes. Eis por que deve fugir dos motivos gerais para aqueles que a sua própria existência cotidiana lhe oferece; relate tudo isso com íntima e humilde sinceridade. Utilize, para se exprimir, as coisas de seu ambiente, as imagens de seus sonhos e os objetos de suas lembranças. Se a própria existência cotidiana lhe parecer pobre, não a acuse. Acuse a si mesmo, diga consigo que não é bastante poeta para extrair as suas riquezas. Para o criador, com efeito, não há pobreza nem lugar mesquinho e indiferente. Mesmo que se encontrasse numa prisão, cujas paredes impedissem todos os ruídos do mundo de chegar aos seus ouvidos, não lhe ficaria sempre sua infância, essa esplêndida e régia riqueza, esse tesouro de recordações? Volte a atenção para ela. Procure soerguer as sensações submersas desse longínquo passado: sua personalidade há de reforçar-se, sua solidão há de alargar-se e transformar-se numa habitação entre lusco e fusco diante da qual o ruído dos outros passa longe, sem nela penetrar. Se depois desta volta para dentro, deste ensimesmar-se, brotarem versos, não mais pensará em perguntar seja a quem for se são bons. Nem tão pouco tentará interessar as revistas por esses seus trabalhos, pois há de ver neles sua querida propriedade natural, um pedaço e uma voz de sua vida. Uma obra de arte é boa quando nasceu por necessidade. Neste caráter de origem está o seu critério, - o único existente. Também, meu prezado senhor, não lhe posso dar outro conselho fora deste: entrar em si e examinar as profundidades de onde jorra a sua vida; na fonte desta é que encontrará a resposta à questão de saber se deve criar. Aceite-a tal como se lhe apresentar à primeira vista sem procurar interpretá-la. Talvez venha significar que o senhor é chamado a ser um artista. Nesse caso aceite o destino e carregue-o com seu peso e sua grandeza, sem nunca se preocupar com recompensa que possa vir de fora. O criador, com efeito, deve ser um mundo para si mesmo e encontrar tudo em si e nessa natureza a que se aliou.

Mas talvez se dê o caso de, após essa descida em si mesmo e em seu âmago solitário, ter o senhor de renunciar a se tornar poeta.

(Basta, como já disse, sentir que se poderia viver sem escrever para não mais se ter o direito de fazê-lo). Mesmo assim, o exame de consciência que lhe peço não terá sido inútil. Sua vida, a partir desse momento, há de encontrar caminhos próprios. Que sejam bons, ricos e largos é o que lhe desejo, muito mais do que lhe posso exprimir.

Que mais lhe devo dizer? Parece-me que tudo foi acentuado segundo convinha. Afinal de contas, queria apenas sugerir-lhe que se deixasse chegar com discrição e gravidade ao termo de sua evolução. Nada a poderia perturbar mais do que olhar para fora e aguardar de fora respostas a perguntas a que talvez somente seu sentimento mais íntimo possa responder na hora mais silenciosa.

Foi com alegria que encontrei em sua carta o nome do professor Hoaracek; guardo por esse amável sábio uma grande estima e uma gratidão que desafia os anos. Fale-lhe, por favor, neste sentimento. É bondade dele lembrar-se ainda de mim; e eu sei apreciá-la.

Restituo-lhe ao mesmo tempo os versos que me veio confiar amigavelmente. Agradeço-lhe mais uma vez a grandeza e a cordialidade de sua confiança. Procurei por meio desta resposta sincera, feita o melhor que pude, tornar-me um pouco mais digno dela do que realmente sou, em minha qualidade de estranho.

Com todo o devotamento e toda a simpatia,

Rainer Maria Rilke"



Esta Primeira Carta do livro "Cartas a um jovem poeta",
foi traduzida por Cecília Meireles, retirados da edição :
"Cartas a um jovem poeta e Canção de Amor e morte
do porta-estandarte Cristovão Rilke", Editora Globo, 1983.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Sol negro

Mergulho

Há no instante que foi.

Já não sendo e tentando ser aquilo que de mais genuíno se esperava, vem veio sempre o incompleto. O não completo que tolhe sempre o prazer pleno. Que deixa à tona sempre os sentimentos como que atrelados a grandes imensas infladas boias azuis que impedem o mergulho que impede a imersão em cada segundo, assim segundo mesmo, assim precioso, assim um por um, até o desfalecimento. Estar na cena dentro e no entanto mirar voluptuosa e maleficamente cada gesto ação fato minuto. Os segundos só se sentem. E se quer aquilo que se não tem. Que não têm onde há. Três ações concatenadas, mas girando, e presas e tão uma e tão pouco e tão nada. Vieses. Muitos rezeves. Incompleto. Parado. Vieses revezados sem a intensidade esperada do abismo. Respirar na região abissal, inundar os pulmões de água e sal e vida. Sem luz. E em busca. Acima bem acima. Tudo e todo. Errado. Ímpeto. Ciclo. Fim. Um travor consciente de dever e de não ter de. Ou de simplesmente sentir e não pensar. Pensar e sentir; sentir, sentir, pensar... é demais, dói mais que o corpo que lateja e contrai, nunca acaba, sempre volta, marca e mancha. Foi. Mas é. Inesquecível não é bom, embora alguma vez tenha sido ou pudesse ser. Sal e sangue; lágrima, ferro em brasa. Onde estavam: as palavras certas nos momentos certos? os desejos nos seu lugares? o sim e não? O olho, a boca, o coração? O que foi não volta, mas perdura. Augúrios alvos solares mornos, por sobre o mar azul. Nem além, nem mal nem bem, assim uma coisa que é puramente ela mesma. Auto-engendrada-suficente-confiante. Há no intante que foi, tudo isto e agora antes do ponto final (que não vai existir) haverá mais rodopios de palavras e vozes e gostos e cheiros e sensações; cada uma tem de ir para o seu lugar e eu não sei onde eu estou no meio eu fico agora não tem fim AINDA

(a.l.k.)

Sobre todas as coisas

Pelo amor de Deus
Não vê que isso é pecado, desprezar quem lhe quer bem
Não vê que Deus fica até zangado vendo alguém
Abandonado pelo amor de Deus

Ao Nosso Senhor
Pergunte se Ele produziu nas trevas o esplendor
Se tudo foi criado - o macho, a fêmea, o bicho, a flor
Criado para adorar o Criador

E se o Criador
Inventou a criatura por favor
Se do barro fez alguém com tanto amor
Para amar Nosso Senhor

Não, Nosso Senhor
Não há de ter lançado em movimento terra e céu
Estrelas percorrendo o firmamento em carrossel
Pra circular em torno ao Criador

Ou será que Deus
Que criou nosso desejo é tão cruel
Mostra os vales onde jorra o leite e o mel
E esses vales são de Deus

Pelo amor de Deus
Não vê que isso é pecado, desprezar quem lhe quer bem
Não vê que Deus até fica zangado vendo alguém
Abandonado pelo amor de Deus

(Edu Lobo - Chico Buarque)

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

A Canção de Amor e de Morte do Porta-Estandarte Cristovão Rilke

Cavalgar, cavalgar, cavalgar, pela noite, pelo dia, pela noite.
Cavalgar, cavalgar, cavalgar.
E a coragem tornou-se tão lassa e a saudade tão grande. Não há mais montanhas, apenas uma árvore. Nada ousa levantar-se. Cabanas estrangeiras agacham-se sequiosas à beira de fontes lamacentas. Em nenhum lugar uma torre. E sempre o mesmo aspecto. É demais, ter dois olhos. Só à noite, às vezes, pensa-se conhecer o caminho. Talvez à noite tornemos sempre a refazer a jornada que penosamente cumprimos sob o sol estrangeiro? Pode ser. O sol é pesado como, entre nós, em pleno estio. Mas foi no estio que nos despedimos. Os vestidos das mulheres brilhavam longamente sobre o verde. E agora há muito que cavalgamos. Deve ser, pois, outono. Pelo menos lá onde tristes mulheres sabem de nós.

(...)

Depois, mete a carta na túnica, no mais secreto lugar, junto à pétala de rosa. E pensa: daqui a pouco estará perfumada. E pensa: talvez um dia alguém a encontre...
E pensa: ...
Porque o inimigo está perto.

(...)

Alguém trajado de seda branca, percebe que não pode despertar; pois está desperto e perturbado com a realidade. Assim se refugia medrosamente no sonho, e permanece de pé no parque, sozinho no negro parque. E, a festa é longe. E a luz mente. E a noite o envolve, fresca. E pergunta a uma mulher que para ele se inclina:
"És tu a noite?"
Ela sorri.
Então, ele se envergonha de seu traje branco.
E quereria estar longe, sozinho, armado.
Completamente armado.

Rainer Maria Rilke

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Try Your Wings

If you've never been in love
And you're longing for the happiness it brings
Try your wings

If you're hungry for the sound
Of a lover saying sentimental things
Try your wings

Even the tiniest bluebird
Has to leave its nest to fly
What a bluebird can do
You can do too, if you try

If you’ve always had a dream
But you’ve been afraid that it would not come true, hitherto
Fall in love and you will find
That it’s just what you’ve been dreaming of

A first love never comes twice
So take this tender advice
When it comes, try your wings
And fly to the one you love

(music by Michael Barr, lyrics by Dion McGregor, performed by BLOSSOM DEARIE on LP "Give Him The Oo-La-La" (Verve, 1957). e na trilha do filme MINHA VIDA SEM MIM, de Isabel Coixet.)

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Lovefool

Dear, I fear we're facing a problem
You love me no longer, I know
And maybe there is nothing
That I can do to make you do
Mamma tells me I shouldn't bother
That I ought to stick to another man
A man that surely deserves me
But I think you do!

So I cry, and I pray, and I beg...

Love me, love me,
Say that you love me
Fool me, fool me,
Go on and fool me
Love me, love me,
Pretend that you love me
Leave me, leave me,
Just say that you need me

So I cry and I beg for you to...

Love me, love me,
Say that you love me
Leave me, leave me,
Just say that you need me
I can't care about anything but you...

Lately I have desperately pondered,
Spent my nights awake and I wonder
What I could have done in another way
To make you stay
Reason will not lead to solution
I will end up lost in confusion
I don't care if you really care
As long as you don't go

So I cry I pray and I beg...

Love me, love me,
Say that you love me
Fool me, fool me,
Go on and fool me
Love me, love me,
Pretend that you love me
Leave me, leave me,
Just say that you need me

So I cry and I beg for you to...
Love me, love me,
Say that you love me
Fool me, fool me,
Go on and fool me
Love me, love me,
Pretend that you love me
Leave me, leave me,
Just say that you need me

I can't care about anything but you...
Anything but you...
Love me, love me say that you love me
Fool me fool me,
Go on and fool me
Love me, love me
I know that you need me
I can't care about anything but you...

(The Cardigans)

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Yarusha Djaruba

Iara só gosta de ilha
Discreta pra namorar
Iara parece uma pilha
Ligada no cha cha cha
Levava os seus amantes pras loucuras em Paquetá
Brincava de troca-troca lá na ilha Porchat
Iara é uma garota de Cuba
Danada pra namorar
Fugiu com um brotinho pra Aruba
Antes de vir para cá
Strip-teases em Puerto Rico
Nos cassinos em Trinidad
Fez do Amazonas seu Nilo
E de São Paulo Bagdá
Iara Iarutcha, Iara Iarutcha, Iarutchatcha (X3)
Só pra namorar

(Nelson Jacobina)


ORQUESTRA IMPERIAL !!! MARAVILHA!!

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