quarta-feira, 26 de março de 2008

Caça à Raposa

O olhar dos cães
A mão nas rédeas
E o verde da floresta

Dentes brancos, cães
A trompa ao longe
O riso, os cães
A mão na testa

O olhar procura
Antecipa a dor no coração vermelho
Senhoritas, seus anéis,
Corcéis e a dor no coração vermelho

O repenque estala, um leque aponta: foi por lá!

Um olhar de cão
As mãos são pernas
E o verde da floresta

Ó manhã entre manhãs
A tropa em cima
Os cães, nenhuma fresta

O olhar se fecha
Uma lembrança afaga o coração vermelho
Uma cabeleira sobre o feno afoga o coração vermelho

Montarias freiam
Dentes brancos
Terminou...

Línguas rubras dos amantes
Sonhos sempre encandecentes

Recomeçam desde instantes
Que os julgamos mais ausentes

A recomeçar, recomeçar
Como canções e epidemias

A recomeçar como as colheitas
Como a Lua e a covardia

A recomeçar como a paixão
E o fogo e o fogo...

(João Bosco e Aldir Blanc)

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