quinta-feira, 10 de maio de 2007

Há muito o que fazer...

Há muito o que fazer. E nem começar onde sei. É tudo assim:

É um nada aqui e fora e por sobre e embaixo só peso, meu e das coisas sobre mim. Coisas indeléveis. Eu sou insensível. Mas eu sinto tudo, como um pára-raios, eu sinto tudo, tudo vem a mim, e nem vou àquilo. E tudo é o que não quero. Ou não sei se quero

; tem uma coisa que é tristeza em mim. Uma coisa blue blues musical sôfrega, Billie. Tensão, pretensão. Perfeita tristeza. Ella com Porter. Não tem alegria aqui não...

Naquela vez teve muita felicidade. Eu senti, sim. Um pé atrás. Dois, três, quatro. Eu bicho. Irracional. Mas feliz. E bicho-peixe tão fugaz a felicidade me foi. Eu acreditei nas palavras, sabe? Eu ouvia e cria. Acreditava, sorria, não dizia palavra, não sabia o que sentia. Nem elaborava. Cria. Criava em mim uma verdade azul, ora doce como céu de nuvens alvas, ora... E coração! O coração tão ali em mim, mais que tudo, ele e o sangue. O vermelho que me escaldava. Nem antes nem depois, sabe? Só ali. Tudo ali. Era tão nada, que ia sendo muito.

Desse jeito, eu já tive tudo. Assim, sabe?: o coração, o pé, o peixe, o esquecimento, a tristeza, quer dizer, algumas vezes desse jeito, e inúmeras antes e depois. Antes e depois o vermelho e azul, sabe? Uma outra coisa, mas no fundo, nalgum fundo mesmo, mas no fundo o desejo de ser aquilo ali: o coração e o céu.

Eu acredito nas palavras. Não tem jeito. Por quê? Por que é assim? Por que sou assim?

Há muita coisa o que fazer. Mas eu não sei o quê! Sabe?

Eu simulo. Depois disto tudo eu simulo. Eu finjo. Eu vou acreditando, calado. Sorrindo. E depois era tudo farsa. Era farsa. Era farsa, sim. Não há mais esboço das palavras, do coração que era artificial, eu penso assim, eu não sei de outrem! Já me dou tanto trabalho a mim... Depois de fingir não querendo acreditar eu creio com força. Eu me desfaço. E eu penso tanto que tudo pára. Só a cabeça funciona, quente, pesada. E ela vaza. Rios quentes salgados.

Sei das coisas práticas, dos adiamentos, dos relógios de ponteiros tontos, sei disso é isso e pego. Pego e largo. Eu acho que eu podia segurar, sabe? Mas o que me faz tão assim espraiado e preso nos meus pontos cardeais que giram? Isso é angústia também, mas... não é isso. É o que está dentro, no centro da rosa-dos-ventos de mim. Cada ponto é tão distante que a rosa morre cada vez que lembra de cada um. Ela nunca lembra de todos ao mesmo tempo, ela não pode. Eu nem deixo. Se eu a deixasse, quem sabe eu explodisse para fora de mim: jorrando o sangue por todas as extremidades, dissipando o calor e levando e lavando a dor incrustada em cada canto da carne.

; sabe, eu acho que isso tudo é amor. Amor. Sem amor. Muito amor. Não amor. Amor demais. Desamor. Não sei qual... eu sou confuso, sabe? E eu sofro. E eu não sei. Então:

(27/06/2006)

(a.l.k.)

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